Jean Rouch, um dos criadores mais produtivos e influentes da segunda metade do século 20 na França, ganha, a partir de junho, sua maior retrospectiva no país, com 91 filmes, realizada em quatro estados brasileiros. O evento reúne 78 filmes [entre curtas, médias e longas] do “antropólogo-cineasta”, como se definia, além de 14 outros sobre ele, com 102 sessões apenas em São Paulo. Quatro de cada cinco títulos são inéditos no país.
Da etnografia à Nouvelle Vague
Jean Rouch (1917-2004) é tido como uma das principais referências do grupo de intelectuais e cineastas que daria corpo à Nouvelle Vague e como um dos ícones do cinema documentário moderno.
Rouch inovou técnica, ética e esteticamente. Foi um dos maiores entusiastas do cinema direto, um dos marcos da renovação da linguagem cinematográfica no início dos anos de 1960.
Jean-Luc Godard afirmaria, por exemplo, que não havia filme mais “espetacular” que “Eu, um Negro” [Moi, un Noir, de 1958], de Rouch, por sua capacidade de absorver o acaso e se posicionar entre realidade e ficção.
Engenheiro de formação, titulado doutor em etnologia pela Sorbonne em 1953, Jean Rouch filmou em pelo menos uma dezena de países, primordialmente no continente africano –onde esteve na Costa do Marfim, Niger, Mali, Gana, Burkina Fasso e Benim.
Rouch foi um entusiasta da fabulação e da elevação dos personagens retratados ao primeiro plano, como sujeitos e não objetos do discurso fílmico. Na sua visão, o desejo de investigação do filme etnográfico [em seu esforço de aliar a arte da exposição cinematográfica ao rigor da enquete científica] oferece um ponto de convergência determinante no encontro entre a subjetividade do criador e a objetividade do pesquisador –ou, de outro modo, entre arte e ciência.
Em oposição a mestres da antropologia como Claude Lévi-Strauss (para quem o registro cinematográfico era “como um caderno de notas, que não deveria ser publicado”), Rouch entendia o documentário etnográfico como uma forma de estabelecer um diálogo com o sujeito do seu estudo, em lugar de apenas descrevê-lo.
Esta mudança de paradigmas seria, para Rouch, uma maneira de contribuir para que a antropologia deixasse de ser “a filha mais velha do colonialismo”.
de 3 de junho a 4 de julho
Colóquio: 30 junho a 4 julho
Local: Cinemateca Brasileira (Entrada Franca)
Largo Senador Raul Cardoso, 207 - Vila Clementino
Em Belo Horizonte:
de 22 de junho a 21 de julho
Local: Cine Humberto Mauro / Palácio das Artes
Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro
de 18 de julho a 18 de agosto
Colóquio: 7 a 11 de julho
Local: Instituto Moreira Salles
Rua Marquês de São Vicente, 476 - Gávea
Em Brasília:
de 5 a 30 agosto
Local: Sala Le Corbusier / Embaixada da França no Brasil
SES - Avenida das Nações - Lote 04 - Quadra 801
Maiores informações no site: http://www.balafon.org.br/
tôgarrado_*
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