domingo, 14 de agosto de 2011

Cordelteca


Nesses dias aí, a Casinha recebeu a visita do ilustre Mestre Gaio. Veterano da capoeiragem de Minas, discípulo do Mestre Toninho Cavalieri (pioneiro em nossa terra).
Mestre Gaio é cordelista, membro da Academia Brasileira de Cordel, autor de centenas de títulos apreciados por todo o Brasil. Em escolas, igrejas, estádios de futebol, faculdades, centros culturais, Mestre Gaio difunde a poesia de cordel com maestria.
Neste mês de julho, o Mestre inaugurou a Cordelteca da Casinha, com títulos maravilhos sobre capoeira, poesia, diálogos entre Mestre Pastinha e Mestre Bimba, e outras demandas com o Diabo, o cachorro, a prostituta, Dom Quixote etc.
Sem dúvida, o maior autor de cordéis de capoeira, Mestre Gaio abrilhanta a Casinha com esta Biblioteca de Cordel, aberta ao público para consulta e emprétismo.


Em entrevista à Rede Minas, o professor do Teatro Universitário da UFMG, Fernando Limoeiro, fala que sua paixão pelo Cordel se dá pela vontade de inserir a cultura popular na Universidade e sua crença na cultura brasileira. Natural de Limoeiro, sertão de Pernambuco, o professor tem imagens riquíssimas na memória das feiras em que trabalhavam os cordelistas e os "leitores de bancada", aqueles que não só vendiam o Cordel, mas liam-os para os matutos, agricultores analfabetos.
"...leitores de bancada... Este homem se chamava Manoel Sabe Ler. (...) Eu via Sêo Manoel Sabe Ler lendo os cordéis. Para quem? Para os matutos analfabetos. E veja que formação. (...) E vendo os matutos tirar do seu parco dinheirinho, seu suado dinheiro de lavrador para comprar poesia, partindo do princípio de que ele não tinha nenhuma formção cultural erudita, [concluía que] este homem analfabeto tinha necessidade da poesia. E comprava a poesia junto com o alimento. Foi aí que eu coloquei no meu texto que diz: 'foi ali, sob o Sol do sertão, escutando Sêo Manoel Sabe Ler, que eu descobri que o cordel é pra comer'.
O matuto sentia necessidade da poesia. (...) O homem dito, entre aspas, ignorante, o lavrador, o campesinato tem necessidade e fome de beleza que todos nós que estudamos temos. O homem precisa de alimentar de poesia...".
- professor Fernando Limoeiro, em entrevista à Rede Minas (link abaixo)



Links:
http://www.redeminas.tv/centro-de-midia/brasil-das-gerais/literatura-de-cordel-e-cultura-popular-1
http://www.redeminas.tv/centro-de-midia/brasil-das-gerais/literatura-de-cordel-e-cultura-popular-2

http://www.ablc.com.br/

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